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Adriano Erriguel - A Desconstrução da Esquerda Pós-Moderna

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por Adriano Erriguel

(2018)



Toda luta pela hegemonia política começa por uma definição do inimigo. Mas sendo a política o âmbito, por excelência, do antagonismo, é claro que essas definições nunca podem ser neutras. Não estamos aqui no campo da probidade intelectual, nem no das pautas verificáveis de objetividade e precisão. Toda luta política aspira mobilizar um capital emocional, se apoia em recursos retóricos, tenta arrastar o antagonista para um terreno de jogo arranjado. Nesse contexto, aquele que determina os códigos linguísticos venceu a partida. Não em vão, a hegemonia consiste precisamente nisso: em um jogo. Ou mais exatamente, em jogos de linguagem.

O pensamento hegemônico de nossos dias – tudo isso que o politólogo norte-americano John Fonte batizava há anos como progressismo transnacional – impôs de forma esmagadora sua definição do inimigo. Todo aquele que se enfrente a sua visão messiânica do futuro – um mundo pós-nacional de cidadania global, no qual uma governança mundial deslocará as soberanias nacionais – se verá imediatamente apelidado de reacionário, de ultraconservador ou de populista, quando não de algo pior. [1]

Cabem poucas dúvidas: no debate público atual quase todas as cartas estão marcadas. Ainda que a linguagem nunca seja neutra, hoje ela está mais enviesada do que nunca. Poucos diagnósticos mais errôneos – entre os formulados no século XX – do que aquele que profetizava o “fim das ideologias”. Hoje a ideologia está por todas as partes. A prova é que assistimos à imposição de uma linguagem extremamente ideologizada, ainda que de forma sub-reptícia e com o nobre aval de poderes e instituições.

Uma linguagem ideologizada? Ainda que por sua onipresença pareça invisível, essa linguagem existe e é o instrumento de uma sociedade de controle. O controle começa sempre pelo uso das palavras.

Que tipo de palavras? Como se organizam?

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Felipe Nogueira – A Geopolítica da Distopia: O Totalitarismo de Orwell do ponto de vista da Teoria do Mundo Multipolar

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por Felipe Nogueira

(2018)



1. RESUMO

O presente trabalho é uma leitura do romance 1984 de George Orwell do ponto de vista da Teoria do Mundo Multipolar (TMM) desenvolvida pelo filósofo político russo Aleksandr Dugin. Buscamos compreender a formação e a configuração geopolítica dos superestados da distopia orwelliana à luz dos pontos chaves da TMM. Comparamos o modelo de mundo multipolar proposto por Dugin com a multipolaridade da distopia orwelliana, evidenciando suas similaridades e divergências. Concluímos que a multipolaridade orwelliana não é uma multipolaridade no sentido da TMM, que propõe ao mundo multipolar a formação de blocos geopolíticos assentados sobre valores civilizacionais comuns a grandes espaços geográficos. Em vez disso, os superestados orwellianos se baseiam sobre ideologias totalitárias que possuem origem nos valores modernos universalizantes do Ocidente, criticados por Dugin como a origem dos totalitarismos e imperialismo ocidentais. Tais valores, argumentamos, poderiam levar a uma distopia futura similar à apresentada em 1984.

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Flaminia Incecchi – A Estética da Guerra no Pensamento de Giovanni Gentile e Carl Schmitt

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por Flaminia Incecchi

(2018)



Introdução[1]

Esta nota de pesquisa é um rascunho preliminar de minha pesquisa doutoral. O objetivo do projeto é estabelecer um diálogo entre Giovanni Gentile (1875-1944) e Carl Schmitt (1888-1985). O diálogo que eu quero apresentar, se apoia em várias comunalidades entre os dois pensadores, tanto biográficas como intelectuais. Tanto Schmitt como Gentile estiveram envolvidos com os regimes nazista e fascista, Schmitt como jurista e Gentile como reformador e Ministro da Educação. Intelectualmente, eles partilham de vários traços: afiliações teóricas e interesses, bem como críticas a abordagens e tradições similares. Os dois pensadores enfatizam a concretude, bem como um interesse na história conceitual. Ainda que por motivos diferentes, Schmitt e Gentile foram extremamente críticos do positivismo, do liberalismo, do mecanicismo, de quaisquer teorias que adotem uma abordagem intelectualista (transcendental) da política e do direito (Schmitt), e da filosofia (Gentile). O diálogo leva a uma comparação de suas interpretações da guerra, que eu analiso através de uma moldura oferecida pela estética. No que segue, eu forneço uma breve apresentação de Gentile, seguida por um rascunho de minha leitura das interpretações da guerra feitas por Schmitt e Gentile, e para onde eu estou apontando no seu uso da estética.

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Sergio Fernández Riquelme – Três Acres e uma Vaca: O Distributismo ou A Opção Moral Radical da Economia Contemporânea

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por Sergio Fernández Riquelme

(2012)



1 – Atrás das pistas do projeto distributista: da questão operária ao desenvolvimento humano

A economia, tal como a havia fundamental a Escola de Salamanca, havia deixado de ser uma ciência social a serviço do verdadeiro desenvolvimento humano. A industrialização, e seus “milagres técnicos”, a haviam convertido em uma idolatria capaz de substituir a vinculação tradicional do homem com seu entorno, material e espiritualmente, em benefício da planificação eficiente de um Mercado dominado pela plutocracia (sob o mito do “laissez-faire”) e da planificação burocrática de um Estado nas mãos de facções partidárias. Como ele captou com os reformistas agrários britânicos do final do século XIX, e em certa medida popularizou G.K. Chesterton (1874-1976), “three acres and a cow” eram suficientes para tornar o homem independente do salário fabril e do impulso estatal, e ligado à herança de seus antepassados e à terra natal (Chesterton, 2006).

Este foi o diagnóstico comum a uma geração de pensadores anglossaxões que, no início do século XX, fundaram uma doutrina econômica de claras conotações político-sociais, como foi o distributismo. Uma geração liderada por Hilaire Belloc (1870-1953) e o próprio G.K. Chesterton, marcadamente heterodoxa ao questionar os dogmas liberal-capitalistas na pátria pioneira da Revolução Industrial e do colonialismo moderno (através de seu apoio ao socialismo de guilda), e ao assumirem, mediante sua conversão, os postulados da nascente Doutrina Social Católica em um país oficialmente anglicano (Fernández Riquelme, 2009).

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Aleksandr Dugin - Abstração e Diferenciação em Julius Evola

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por Aleksandr Dugin

(2019)



A Inspiração do Último Evola

O primeiro opúsculo do Barão Julius Evola é chamado “Arte Abstrata” (1920)[1]. É uma obra juvenil, onde todavia é fácil entrever as principais linhas diretrizes deste autor, desta personalidade, deste mito. Conhecendo concorrentemente Julius Evola, a sua herança e o seu incrível destino, buscaremos inserir este pequeno opúsculo na monumental totalidade do seu pensamento.

Em um dos raros vídeos no qual aparece, Evola, já ancião, fala das suas simpatias dadaístas[2]. É impressionante ver como é vivaz, como brilham os seus olhos, como ele se inspira ao recordar o seu passado dadaísta, nos mínimos detalhes... Obviamente, ele amava tudo isso loucamente – e, de fato, ele se recorda disso com grande prazer. Seria divertido, em paralelo, ver o velho Guénon falar da sua poesia juvenil, dedicada às iniciações dos ciganos ou a uma certa reabilitação do diabo... Teriam seus olhos brilhado também? Não creio. Mas isto é algo que nunca saberemos...

Vamos, portanto, à “Arte Abstrata”. Por que abstrata? O que quer dizer Evola, o grande Evola, na sua totalidade, com a palavra “abstrata”?

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Facundo Martín Quiroga - Transumanismo, Políticas de Gênero e Feminismo Ocidental

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por Facundo Martín Quiroga

(2019)



O feminismo e as teorias de gênero, promovidas a partir do centro do poder acadêmico anglo-saxão, são elementos fundamentais da produção de uma ordem cuja apoteose é o transumanismo. Nesse mecanismo complexo, o progressismo esquerdista desempenha um papel fundamental. Os intelectuais progressistas estão determinados a convencer o resto da sociedade, neófita ou simplesmente indiferente, de que seus postulados têm um componente revolucionário e disruptivo. Hoje, mais do que nunca, as classes médias intelectuais de esquerda estão envolvidas em um papel central entre essas duas teorias e o transumanismo, incipiente nesta região, mas com grande aquiescência e desenvolvimento no norte global.

Construa um ser humano não mais superficial, mas diretamente supérfluo.

Trata-se disso.

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José Alsina Calvés - Notas sobre a Geopolítica

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por José Alsina Calvés

(2019)



Neste artigo introdutório à geopolítica, queremos discutir algumas questões relacionadas a esta disciplina.

Em primeiro lugar combater os erros e mentiras que certa propaganda de guerra se espalhou em algum momento sobre essa ciência. A geopolítica não faz parte da doutrina "nazista". Primeiro, porque suas origens são muito anteriores. Segundo, porque um de seus criadores, Halford Mackinder, era um inglês muito comprometido com a política externa do Império Britânico, a ponto de ser um dos ideólogos do Tratado de Versalhes. Terceiro, porque outro de seus criadores, o alemão Karl Haushofer (contrariamente ao que divulgou a imprensa britânica à época) não era o cérebro de Hitler, ao contrário, foi perseguido pelos nazistas, internado em Dachau e seu filho mais velho assassinado.

Mas em quarto lugar, e acima de tudo, porque a essência da doutrina nazista não era a geopolítica, mas a raciologia. As grandes decisões estratégicas que Hitler e seus colaboradores tomaram basearam-se em sua teoria da "raça ariana", segundo a qual a expansão da Alemanha seria realizada às custas dos povos eslavos, supostamente "raças inferiores", e devia-se buscar uma aliança com ingleses e franceses, que também eram da "raça ariana". Haushofer, com base em princípios geopolíticos, defendeu a aliança Alemanha-Rússia, seguindo a ideia de Mackinder de unir a Europa com o "Coração da Terra"; ele também defendeu o apoio alemão a povos subjugados pelo Império Britânico para que se rebelassem contra ele. Nenhuma dessas propostas agradou a Hitler, que desprezava os eslavos e que havia escrito no “Mein Kampf” que o Império Britânico e a Igreja Católica eram os principais bastiões da civilização ocidental. O verdadeiro ideólogo do nazismo não era Haushofer, mas Rosenberg, autor de “O Mito do Século XX”.

Outra questão interessante é o status epistemológico e gnoseológico da geopolítica: É uma ciência? É uma tecnologia? É um campo interdisciplinar? Quais são suas relações com outras disciplinas? À luz das possíveis respostas a essas perguntas, descreveremos uma pequena história da geopolítica. Por fim, analisaremos o possível papel da geopolítica na elaboração de um novo discurso na Teoria das Relações Internacionais e nos fundamentos teóricos de um mundo multipolar, como defendeu Aleksandr Dugin.

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Ernst Jünger - As Memórias de Trótski

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por Ernst Jünger

(1930)




1.

O estudo dessas memórias muito interessantes, disponíveis graças aos editores da S. Fischer, será mais fácil para quem sabe como olhar através dos olhos do autor. Trótski é um racionalista, embora um racionalista do tipo mais determinado, que de modo algum se contenta com a ordem das coisas como elas aparecem dentro dos limites do conhecimento. Em vez disso, ele está sempre pronto para realizar essa ordem no âmbito do Ser [diese Ordnung im Sein verwirklichen] - desde que as condições necessárias estejam presentes, isto é, se ele tiver o poder.

Pode parecer estranho associar esse nome, que está inseparavelmente ligado a um dos maiores processos de destruição da história moderna, à noção de ordem. E, no entanto, isso é justificado. Os leitores que possam ter certos preconceitos sobre a natureza da revolução russa, como os que são comuns em nosso país, ficarão surpresos ao encontrar uma mente precisa, educada em economia política, filosofia ocidental e na dialética da luta de classes, que em uma tarde de discussão provavelmente tem coisas interessantes a dizer sobre romances franceses, pinturas impressionistas e diferentes tipos de caça a patos também.

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Sisto Cirioli - O Cesarismo de Benito Mussolini

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por Sisto Cirioli

(2018)
 


O fascismo pode ser realmente compreendido como uma “entidade” política independente? Pode ser cindido da imensa figura de Benito Mussolini, encarnação por excelência do conceito de cesarismo?

É necessário, em primeiro lugar, de modo propedêutico, delinear os contornos principais do cesarismo. Por cesarismo (ou bonapartismo) entendemos um tipo particular de regime autoritário, ancorado na existência – física – de um líder indiscutido e estabelecido, mediante um ato juridicamente traumático, como reação a uma situação de crise profunda. O “césar” – homo novus, estranho à classe dirigente – é o clássico chefe carismático: celebrado como o homem do destino as honras que lhe são concedidas se assemelham à idolatria pagã. Ainda que os únicos modelos indiscutíveis de cesarismo sejam a ditadura de Caio Júlio César e o governo de Napoleão Bonaparte, imponentes perfis cesaristas podem ser encontrados nos regimes totalitários do século XX, associados por um eloquente fio condutor: o culto (nada menos que obsessivo) ao grande condutor.
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Carlo Terracciano - A Doutrina das Três Libertações

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por Carlo Terracciano

(2000)



“A liberdade anela, que é tão cara:
Sabe-o bem quem por ela a vida expele”.
(Dante Alighieri, Purgatório, Canto I, vv. 71-72)

Premissa

A liberdade é parte mesma da Essência e da existência de um homem, como de um povo; de todo homem e de todo povo enquanto tal.

Tanto isto é verdade que ela é hoje considerada um direito fundamental de todo cidadão e desde a mais remota antiguidade a diferença substancial entre os homens era exatamente representada pela faculdade ou impossibilidade de poder dispor livremente de si mesmo e dos próprios bens. Na ausência dessa faculdade, se caía em escravidão, na disponibilidade, portanto, de outros que podiam dispor segundo seu prazer e capricho da pessoa do escravo, podendo até privá-lo da própria vida.

A escravidão no mundo foi abolida oficialmente há menos de um século e meio, excetuando-se casos muito recentes, mas apenas para ser substituída por formas mais ocultas e sutis de dominação praticamente total e absoluta sobre os homens, os povos, as nações, continentes inteiros, até envolver todo o globo. Dominação militar, econômica, política, religiosa, psicológica, cultural e no dia de hoje até biológica, informática, ambiental, etc.

Sobre a natureza e o conteúdo da liberdade, seus limites tem sido pensados ao longo dos milênios pelos intelectos mais agudos dos “filósofos”, no sentido etimológico do termo.

As Três Libertações

A Doutrina das Três Libertações, que podemos também definir Doutrina da Libertação Integral, pretende tratar dos aspectos comunitários da liberdade do homem, entendido não como indivíduo singular, mas sim como Pessoa; não Mônada isolada e fechada, mas parte orgânica de um todo, membro ativo e consciente, funcional à Comunidade.

Ela trata, portanto, da Libertação Nacional, da Libertação Social e da Libertação Cultural. Partindo de uma visão tradicional anagógica, orgânica e holística da existência, pretende-se assim analisar a liberdade (ou a sua ausência) e os limites da mesma no que concerne os vários aspectos do Homem como ser social: indissoluvelmente ligado seja por vínculos de sangue, seja de cultura e de relações sociais, ou seja de História e de Geografia, aos próprios semelhantes naquela unidade viva que é a Comunidade de Destino, agente na história e no espaço vital geográfico.

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Alain de Benoist - A Terceira Era do Capitalismo

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por Alain de Benoist

(2000)



Em um livro recente, Luc Boltanski e Eve Chiapello examinaram o modo pelo qual o capitalismo continuou a mobilizar milhões de indivíduos ao redor de uma causa que, porém, não tem qualquer finalidade fora de si mesma: a acumulação de capital. Tentando identificar as "crenças que contribuem para justificar a ordem capitalista e para apoiar, legitimando-as, os modos de ação e as disposições que são consistentes com ela", eles observam que em todas as épocas o capitalismo envolve uma figura básica, um elemento de excitação individual e um discurso de justificação em termos de bem geral. O que os leva a distinguir três períodos diferentes.

O primeiro capitalismo, que domina todo o século XIX, é encarnado pela "burguesia" tão bem descrita por Werner Sombart e pelo empreendedor ou capitão de indústria, que manifesta antes de tudo o gosto pelo risco e pela inovação. É um capitalismo patrimonial e familiar, em grande parte ligado às classes burguesas que exercem o poder. O elemento de excitação é representado pela vontade de descobrir e empreender. O discurso da legitimação se confunde com o culto ao progresso.

O Advento do Turbocapitalismo

O segundo capitalismo se desenvolve a partir dos anos trinta. É o das grandes empresas e do compromisso fordista, em que o proletariado renuncia progressivamente às críticas sociais em troca da garantia de ter acesso à classe média. O aumento dos salários favorece o consumo, o que reduz os conflitos. A figura emblemática desse segundo capitalismo é a do presidente do conselho de administração ou do diretor da empresa, juntamente com a do gerente superior. A excitação está na disposição da empresa de se desenvolver o máximo possível. O discurso de legitimação acentua o aumento do poder de compra, bem como a valorização do "mérito" e da competência. Esse período, que corresponde à era da redistribuição por parte do Estado assistencial, do keynesianismo e da expansão regular da classe média, termina ao mesmo tempo que os trinta anos de outro do pós-guerra, após a crise do petróleo de 1973.

A partir de então, entramos na "terceira era" do capitalismo, que corresponde à transição de um capitalismo ainda enquadrado para o capitalismo desenfreado do mundo atual, o "turbocapitalismo" de que fala Edward N. Luttwak. Sua figura essencial é a do chefe de planejamento (coach) ou do criador de redes (networker), que se limita a coordenar a atividade de unidades de duração limitada. Seus principais valores são autonomia, criatividade, mobilidade, iniciativa, convívio, desenvolvimento. O novo capitalismo envolve o princípio da hierarquia com um novo dispositivo de gestão de pessoas. Há cada vez menos "chefes" e mais e mais gerentes trabalhando em equipes. O gerente atento aos recursos humanos, adaptável, flexível, "comunicativo", substitui o dirigente rígido e planificador. O funcionário é móvel, com muito pouca lealdade à empresa que lhe dá trabalho. Devido à intensificação da concorrência, a empresa trabalha cada vez menos "em ambientes fechados". Transfere serviços para fora, alimentado pela precariedade. A empresa taylorista ou fordista gradualmente dá lugar à empresa de rede, um fenômeno que anda de mãos dadas com o surgimento de um mundo pós-moderno, essencialmente "conexionista". O elemento de excitação é o desenvolvimento de novas tecnologias. O discurso legitimador é o de uma "nova economia" que traria a humanidade a uma nova era de crescimento duradouro.

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Reinaldo Laddaga - Uma Cidade para Poetas e Piratas

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por Reinaldo Laddaga

(2015)



Sempre achei intrigante que as histórias canônicas da arte e da literatura do início do século XX, geralmente tão generosas em seu tratamento do surgimento do avantgarde histórico, nunca mencionassem seu desenvolvimento mais espetacular: a criação e o fracasso final da chamada Regência Italiana de Carnaro. De certa forma, essa omissão é compreensível. O que aconteceu entre 1919 e 1920 na cidade disputada de Fiume, quando - sob a liderança do escritor Gabriele D'Annunzio - uma aliança peculiar de soldados, artistas e aventureiros ocupou a cidade com a intenção inicial de anexá-la à Itália, complica a narrativa mais comum em que a arte moderna e a política progressista por natureza caminham juntas.[1] Mas, como observa o excelente “Modernismo e Fascismo” do historiador Roger Griffin, vários movimentos de vanguarda compartilhavam a aspiração do fascismo de curar o mundo (ou pelo menos a Europa) da anomia e da perda de vitalidade. Essas condições eram entendidas como subprodutos da modernidade e, particularmente no final de uma guerra que patenteou o fracasso da promessa da modernidade de progresso material e social. Ambos os movimentos propuseram um retorno, em meio à crise, a um espaço primordial onde os enviados de uma nova humanidade poderiam colher as sementes para um mundo futuro. Em Fiume, fascistas e dadaístas, futuristas e bolcheviques estiveram, por alguns meses, no mesmo campo.

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Jonathan Bowden - Yukio Mishima

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por Jonathan Bowden 

(2011)



A vida de Mishima foi dedicada a um retorno do espírito dos samurais e a uma crença no livro de Yamamoto Jōchō, Hagakure, que é em parte a bíblia do século XVII da moralidade dos samurais, na qual a vida é transfigurada pela morte, e a noção de um guerreiro que também é um uma figura intelectual e literária, bem como um cruzado espiritual, um padre que mata, é primordial.

A cultura japonesa é distinta de quase todas as outras na Terra e ainda é difícil de entender e conceituar para muitos ocidentais. Uma das coisas mais flagrantes do Japão é que o material proibido no Ocidente está amplamente disponível, principalmente em termos de pornografia, em relação à qual existem muito poucas restrições. Mesmo no mangá, ou nos quadrinhos japoneses, que geralmente são incrivelmente rígidos e pesados em termos ocidentais.

O Japão é uma sociedade estranha, porque a dialética que opera nela é oposicional e altamente diferenciada em relação à do Ocidente. Provavelmente é verdade que as pessoas que se identificam na tradição ocidental têm usualmente admirado elementos do Japão, particularmente do Japão imperial. Há um grau em que não há tanto simetria quanto assimetria significativa pela qual os japoneses são percebidos como um povo que queria ser ele próprio à sua maneira.

O pensamento japonês é influenciado por ideias confucionistas, xintoístas, budistas, zen-budistas e taoístas, e uma mistura delas se encontra na base do que é ser japonês. Uma das visões principais é que a vida é dominada pelos espíritos dos ancestrais, e existe a noção de adoração aos ancestrais, que torna a família e a linha da herança de uma família extraordinariamente importantes. Esses espíritos são chamados kami e existe a noção de que eles podem intervir na sua vida concreta. Essas são ideias sobrenaturais, mas um dos truques da cultura japonesa, que é muito semelhante à Grécia antiga a esse respeito, é que todas as ordens de opinião podem aceitar essas crenças porque existem interpretações seculares e ateias desses sistemas de crenças, tal existem puramente religiosas. Como na Grécia antiga, uma mulher podia ajoelhar-se ou deitar-se diante da estátua de um deus, e, no entanto, intelectuais racionalistas da mesma civilização podiam considerar as histórias divinas inteiramente metafóricas. E, no entanto, todos seriam aceitos como gregos. E todos seriam aceitos como definições diferentes do que era ser grego ou membro de uma cidade-estado grega. Mishima, por exemplo, era obcecado pela Grécia, principalmente pela Grécia antiga, e incorporou muitas odes e ética gregas em seus livros.

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Claudio Mutti - Fenomenologia da Contra-Iniciação

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por Claudio Mutti

(2015)



A "Contra-Iniciação" e seus Agentes

A melhor maneira de esclarecer preliminarmente o conceito guenoniano de "contra-iniciação" é apoiando-nos nos trechos mais significativos que o próprio René Guénon dedicou a este assunto:

"O termo 'contra-iniciação' - lemos no Reino da Quantidade - é verdadeiramente aquele que melhor convém para designar aquilo a que se referem, em conjunto e em diferentes níveis (...) os agentes humanos por cujo intermédio toma corpo a ação anti-tradicional (...). A 'contra-iniciação' (...) não é uma mera falsificação ilusória, mas algo de absolutamente real dentro de sua própria ordem, como demonstra perfeitamente a ação que ela exerce efetivamente; no mínimo não é uma falsificação para além do sentido em que imita necessariamente a iniciação como uma uma sombra invertida dela, apesar de que sua verdadeira intenção não é imitá-la, mas opor-se a ela. Por outro lado, uma tal pretensão é forçosamente vã, já que o domínio metafísico e espiritual, que está para além de todas as oposições, lhe está vedado; pode apenas limitar-se a ignorá-lo ou então a negá-lo, na absoluta impossibilidade de ultrapassar o "mundo intermediário", quer dizer, o âmbito psíquico, que é ademais, e em todos os sentidos o campo de influência privilegiado de Satanás, tanto na ordem humana quanto na ordem cósmica; mas não por isso desaparece a intenção ou o compromisso que implica seguir a trajetória inversa da iniciação. (...) Na medida em que ela não pode conduzir os seres até os estados ‘supra-humanos’, como a iniciação, nem limitar-se ao mero âmbito do humano, a ‘contra-iniciação’ os arrasta infalivelmente em direção ao ‘infra-humano’, sendo aqui precisamente onde se localiza o que lhe resta de poder efetivo."[1]

Em relação a este assunto, revestem-se de uma importância particular as cartas que René Guénon escreveu para Vasile Lovinescu (1905-1984) desde 9 de julho de 1934 até 28 de janeiro de 1940[2], cartas que pude recuperar em Bucareste há vinte e três anos atrás. Não obstante, ainda não foram encontradas as cartas enviadas por Lovinescu para Guénon, de modo que os fatos a que Guénon se refere não são sempre perfeitamente compreensíveis; mas, apesar disso, este epistolário guenoniano se torna muito valioso, pois em certa medida nos ilustra as modalidades operativas das forças contra-iniciáticas e nos introduz em situações históricas que parecem demonstrar as seguintes declarações do Reino da Quantidade: "Verdadeiramente notáveis são os esforços que a 'contra-iniciação' dedica à introdução de seus agentes nas organizações 'pseudo-iniciáticas' os quais tem a tarefa de 'inspirar' sem seu conhecimento os membros ordinários e, inclusive, com bastante frequência, os seus chefes aparentes, (...) as organizações 'pseudo-iniciáticas' são sem dúvida alguma as que mais atraem a atenção da 'contra-iniciação', fazendo dela objeto idôneo de seus esforços, pelo próprio fato de que a obra que essa se propõe seja sobretudo anti-tradicional."[3]

Particularmente, na mencionada correspondência com Lovinescu estão explicitamente identificados como agentes da contra-iniciação alguns personagens que desempenharam diferentes papéis na cena histórica do século XX.

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Aleksandr Dugin - A Desconstrução da Democracia

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por Aleksandr Dugin

(2019)
 


O Conceito de “Democracia” não é neutro e não é auto-evidente

Hoje a democracia não pode ser discutida objetivamente. Não é um conceito neutro: por trás da “democracia”, enquanto regime político e sistema de valores correspondente, está o Ocidente, a Europa e os EUA. Para eles, a “democracia” é uma forma de culto secular ou uma ferramenta de dogmática política; portanto, para ser totalmente aceito na sociedade ocidental, é necessário ser “a favor” da democracia. Quem a põe em questão cai fora do campo do politicamente correto. A oposição marginal é tolerada; mas se for mais do que marginal, a democracia coloca suas máquinas de opressão contra as suas alternativas, como qualquer regime, qualquer ideologia e qualquer religião dominante. Não é possível falar em "democracia" imparcialmente. É por isso que, nas discussões sobre democracia, devemos dizer imediatamente se somos completamente a favor ou completamente contra. Responderei com extrema sinceridade: sou contra, mas sou contra apenas porque o Ocidente é a favor. Não estou preparado para aceitar nada de forma impensada e acrítica, mesmo que todo mundo acredite, e ainda mais se isso for acompanhado por uma ameaça oculta (ou clara). Você sugere que eu confie na minha própria razão, não? Começarei com o fato de que a razão me aconselha a rejeitar todas as sugestões [predlozheniy, ofertas, propostas]. Ninguém pode nos dar liberdade. Nós a temos ou não. Um escravo converterá até mesmo a liberdade em escravidão, ou pelo menos em estupidez, e uma pessoa livre nunca será escrava nem sob grilhões. Em seu tempo como escravo Platão não se tornou menos Platão ou menos livre, enquanto ainda pronunciamos o nome do tirano Dionísio com desprezo; então, qual deles é escravo? De qualquer forma, como diz um livro popular sobre análise técnica, "a maioria está sempre errada".

Somente essa distância crítica em relação à “democracia” fornece um campo para sua compreensão conceitual. Colocamos a “democracia” em dúvida, em questão, e a desafiamos como um dogma. Assim, conquistamos o direito à distância, mas somente dessa maneira podemos chegar a um resultado válido e bem fundamentado. Não acreditar na democracia não significa ser seu oponente. Significa não ser seu prisioneiro, não estar sob sua hipnose e sua sugestão. Partindo de tanta incredulidade e dúvida, é inteiramente possível que concluamos que a democracia é algo valioso ou aceitável, ou talvez não. Devemos raciocinar exatamente da mesma maneira sobre todas as outras coisas. Só isso é filosofia. Não há evidência a priori para um filósofo. É exatamente o mesmo para um filósofo político.

Vale lembrar que democracia não é um conceito auto-evidente. A democracia pode ser aceita ou rejeitada, estabelecida ou demolida. Houve sociedades esplêndidas sem democracia e detestáveis ​​com democracia, mas também houve o oposto. A democracia é um projeto humano, uma construção, um plano, não o destino. Ela pode ser rejeitada ou aceita. Isso significa que ela precisa de justificação, de apologia. Se não houver apologia pela democracia, ela perderá o sentido. Uma forma não democrática de governo não deve ser tomada como obviamente a pior. A fórmula "o mal menor" é um ardil propagandístico. A democracia não é o mal menor... talvez não seja o mal, talvez seja o mal. Tudo exige reconsideração.
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Gilad Atzmon - O Fim de Israel

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por Gilad Atzmon

(2019)



A lição a ser tirada do atual impasse político israelense é que Israel está implodindo, se fragmentando nos elementos que ela nunca conseguiu integrar em uma só coisa. O cisma não é mais a dicotomia mais cotidiana de Ashkenazi vs. Judeus Árabes (também conhecidos como Sefardim); essa divisão é ideológica, religiosa, espiritual, política, étnica e cultural. Tampouco se divide em esquerda e direita, os judeus israelenses são politicamente de direita, mesmo quando fingem ser de "esquerda". Embora algumas das vozes críticas mais astutas da política israelense e do fundamentalismo judaico sejam israelenses (como Gideon Levi, Shlomo Sand, Israel Shamir e outros), não há esquerda política israelense. A política israelense se divide em muitos eleitores de extrema-direita e muitos neocons comuns. O Partido da Lista Conjunta, árabe, é praticamente o único partido de esquerda no Knesset israelense. Isso não deveria mais surpreender. A esquerda judaica, como eu argumento há muitos anos, é um oxímoro; O judaísmo é uma forma de identificação tribal e a esquerda é universal. O “tribal” e o “universal” são como óleo e água, eles não se misturam muito bem.

O que é peculiar na divisão política israelense é que os israelenses estão mais unidos do que nunca em suas crenças nacionalistas e na primazia de seus sintomas judaicos. Por que, se os israelenses são tão unificados, que ninguém consegue formar um governo no chamado "Estado Judaico"?

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Paul Gottfried - Quem não é fascista?

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por Paul Gottfried

(2015)




Tendo completado recentemente um livro sobre fascismo, "A Carreira de um Conceito", parece que todos os meus esforços para diminuir o abuso do meu termo-chave podem não dar em nada. O fascismo provavelmente continuará vivo, não como um movimento do entreguerras europeu ressurgente, mas como um epíteto livremente utilizado que pode ser aplicado a qualquer coisa de que um jornalista não goste. O leitor desavisado de nossa mídia partidária continuará acreditando que os fascistas são um ou mais dos seguintes vilões: jihadistas anti-americanos, críticos abertos da imigração aqui e na Europa Ocidental, candidatos presidenciais democratas, soldados israelenses, cristãos homofóbicos, isolacionistas de política externa ou os governos nacionalistas de Viktor Orban na Hungria e Vladimir Putin na Rússia. Essa lista "fascista" continua a crescer - uma lista abrangente seria pelo menos duas vezes maior.

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Michael Millerman – O Dasein e a Quarta Teoria Política: Rumo a uma Crítica Adequada da Teoria Política de Aleksandr Dugin

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por Michael Millerman

(2017)



Introdução

A influência de Martin Heidegger paira sobre o campo da teoria política. Leo Strauss, Jacques Derrida, Hannah Arendt e outros estão entre os filhos intelectuais às vezes rebeldes, às vezes reverentes, de Heidegger (Wolin, 2015; Fleischacker, 2008). Mas, no geral, eles e outros teóricos políticos que dialogam com Heidegger tendem a se afastar de seu relato da filosofia ou de suas ideias sobre a relação entre filosofia e política.

Este artigo argumentará que o pensador russo Aleksander Dugin, que acompanha Heidegger muito mais de perto do que outros teóricos, deve ser incluído na lista de recepções filosoficamente sérias e importantes da teoria política de Heidegger. Incluir Dugin entre as recepções de Heidegger traz à luz possibilidades esquecidas ou suprimidas da filosofia política heideggeriana irredutíveis ao nazismo. Primeiro, eu demonstro o lento, mas cada vez maior reconhecimento de Dugin como filósofo e teórico político, fundamentado especificamente em seu heideggerianismo. Segundo, eu situo Dugin em um exame comparativo da teoria política heideggeriana, observando o papel que o Dasein desempenha em seu pensamento, comparado ao papel que desempenha na teoria política heideggeriana de esquerda e liberal. Terceiro, eu critico aspectos do relato de Dugin sobre o Dasein. Quarto, delimito brevemente a relação entre filosofia e ideologia no pensamento de Dugin.

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Emmanuel Frankovich – O “Império Interior” de Alain de Benoist

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por Emmanuel Frankovich

(2019)



“O logos prevaleceu sobre o mito, Apolo sobre Dionísio. Hoje, o homem está desprovido de mitos.” – Friedrich Nietzsche

O Império do Mito

"Nada é mais verdadeiro que um mito". O “Mûthos” torna possível compreender a origem pela revelação, onde o Logos explica a realidade objetiva pelo raciocínio lógico. O mito não é, porém, irracional: tem sua própria racionalidade. "Matriz de imagens retrizes", ele não se inventa, mas, fora da temporalidade, ele é e é visto como "revelação permanente". A Totalidade é o seu espaço e a Eternidade é o seu tempo. O mito não é uma metafísica, mas uma ontologia.

A possibilidade de perceber o que o mito revela reside na vontade de aceitar sua clareza. Ele "se opõe à luz da razão: quanto mais o pensamento racional ‘ilumina’, mais ele oculta a própria fonte da claridade”. Outro modo de revelação do ser das coisas é a Figura (Jünger, Niekisch), a ser distinguida do mito político e da ideologia, formas instrumentais e subjetivas. A Figura também revela o invisível a um olhar inclinado a ir além das aparências. Por outro lado, a psicologia das profundezas, animada pela mesma pretensão de definir a verdade do mito, rapidamente retorna ao seu caráter profundamente moderno de confinamento no mental e de mera análise dos "estados da alma".

Porque o mito não tem um significado que deva ser descoberto e compreendido. Ele escapa ao conceito. Não podemos ter nenhuma ideia do porquê ele está agindo. Ele só pode ser vivido e recebido como palavra fundadora, como palavra verdadeira. É apenas significância e a sua verdade, sempre renovada, procede da combinação de seu tecido de significantes. O mito é expresso através da linguagem: "A linguagem é a verdade do mito". Ele é palavra, ele é canção, ele é o divino e o poeta é seu mediador. "Voltar à clareza do mito seria, para o homem, experimentar uma revolução como ele nunca viu antes..."

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Carlos Salazar – A Quarta Teoria Política ou um Pensamento para a América Latina

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por Carlos Salazar

(2019)



A quarta teoria política, cuja gênese devemos atribuir ao grande Martin Heidegger, e que posteriormente foi habilmente desenvolvida e interpretada por Alain de Benoist e Aleksandr Dugin, nos apresenta uma superação teórica da primeira (liberalismo), segunda (comunismo) e terceira teorias políticas (fascismo). A quarta teoria política é taxante ao apontar a morte da terceira e segunda teoria na Europa. A única teoria vigente é a primeira, que já está mudando do liberalismo para o pós-liberalismo, um estágio de primazia do poder econômico sobre o político e, conseqüentemente, a perda de relevância do fenômeno político-institucional frente a nova política dirigida pelas empresas transnacionais.

Precisamente, o projeto da quarta teoria é propor uma alternativa contrária ao liberalismo e ao pós-liberalismo. Sua impressão anti-individualista se traduz no que Dugin chamou, de uma maneira muito sábia, Populismo Integral. Este propõe como sujeito político o "Ser-aí" (Dasein) em oposição ao "indivíduo" do liberalismo: "O homem é tudo, menos indivíduo". Em outras palavras, o atomismo uniformizador globalista se opõe e se contrapõe a todos os tipos de identidades coletivas que o liberalismo constantemente negou: “O homem é sua classe, sua nação, sua tribo, seus costumes, sua comunidade, sua história, sua espiritualidade, etc”. Não existe interesse individual para a Quarta Teoria (doravante 4TP), pelo contrário, o interesse do homem em particular é o de suas identidades coletivas, sem que isso signifique contradição, uma vez que o antagonismo entre o individual e o coletivo é novamente uma conceituação própria do liberalismo.

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