por Claudio Mutti
(2012)
"Nós, bons europeus"
Diante de uma Europa que santificou o "princípio da nacionalidade", pelo qual a própria Alemanha identifica o Reich - o Império - com o Estado alemão, Nietzsche se confirma mais uma vez como o grande Inatual. Na verdade, se por um lado ele rejeita como fenômeno de decadência as abstrações mundanas, por outro vê no pequeno nacionalismo, "essa neurose nacional, da qual a Europa está doente", a manifestação de uma "pequena política" que corre o risco de "manter para sempre a divisão da Europa em pequenos Estados"[1]. À "pequena política" nacional Nietzsche opõe uma "grande política", a política europeia: "Nós somos, em uma palavra - e deve ser, essa, a nossa palavra de honra! - bons europeus, os herdeiros da Europa, os ricos, transbordantes, mas também em suas obrigações, os imensamente ricos herdeiros de um espírito europeu milenar"[2].
Esse espírito, o espírito da Europa, expressou-se na ação e na arte dos maiores homens do século, de Napoleão e Goethe a Wagner: "a verdadeira direção geral, na misteriosa obra de sua alma, foi a de preparar o caminho para essa nova síntese e de antecipar experimentalmente o europeu do futuro"[3]. Através deles, falou "a vontade que a Europa tem de se unificar"[4].
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