por Alfonso Piscitelli
(2007)
O bestiário está para a etologia assim como a astrologia está para a astronomia. Por séculos, os astrólogos captaram no movimento das estrelas o reflexo cósmico dos movimentos da alma. Os astrônomos modernos (que muitas vezes continuaram a fazer horóscopos, como Galileu na corte dos Médici...) se valeram das observações de seus precursores mágicos para construir sua imagem do mundo. Da mesma forma, os compiladores dos "bestiários" viram nas várias espécies animais a encarnação de inclinações humanas, de vícios, de virtudes, e a moderna etologia, que estuda os animais segundo os métodos da observação científica, no fim das contas, recuperou a ideia fundamental do bestiário: a ideia de que nos comportamentos dos animais há algo análogo às tendências morais ou psicológicas do homem. Pode ser interessante ler juntos dois volumes recentemente publicados, que em nome da fantasia ou da pesquisa científica, se aproximam do mundo animal: História dos animais imaginários de Borges (publicado pela Adelphi) e Os sete pecados capitais dos animais do etólogo Celli, lançado pela Mursia.
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