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Dmitry Shlapentokh - O Tempo de Dificuldades na Narrativa de Aleksandr Dugin

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 por Dmitry Shlapentokh

(2018)


Introdução

Muitas nações apelam para a história dos países estrangeiros para definir suas próprias identidades nacionais. A Rússia, cuja elite tem estado perplexa sobre a posição civilizacional de sua nação há gerações, é uma delas. Por mais de um século, a elite russa tem estado fascinada com a Revolução Francesa.

O interesse pela Revolução Francesa como modelo explicativo não se deveu a semelhanças externas entre os acontecimentos na Rússia no século XX, e especialmente na primeira metade daquele século, e aqueles na França no final do século XVIII e início do século XIX. Ao contrário, um segmento considerável da elite russa, cada vez mais ocidentalizada nas perspectivas e comportamento nos últimos anos do regime czarista, desejava ver o país seguindo o Ocidente, de modo geral. Estes pontos de vista foram defendidos não apenas pelos liberais, mas também pelos radicais. De fato, o credo deste último, o marxismo, era de origem ocidental. A crença no Ocidente era a pedra angular da maioria dos intelectuais russos, especialmente os de uma linha dissidente ou semidissidente nas grandes cidades. E foram eles que saudaram as reformas de Gorbachev e o colapso final do regime. Situando a história russa e soviética no contexto de um 'Termidor' final e irreversível, eles tinham uma variedade de expectativas. Seria ingênuo supor que eles realmente acreditavam no triunfo da democracia como o sinal final da incorporação da Rússia na ordem ocidental. Bem poucos realmente professavam o "fukuyamismo", tão popular no Ocidente no início dos anos 90. A maioria deles desprezava profundamente as massas - 'sovki' nojentos que ou agiam em conluio com o regime soviético perseguindo a elite intelectual ou eram absolutamente estranhos aos intelectuais. Eles não viam nenhum problema nas autoridades soviéticas lidando duramente com a população, uma tradição que remonta ao início do século XIX, quando o poeta seminal da Rússia, Alexander Pushkin, comparou as massas com ovelhas que desconheciam qualquer senso de honra (chesti klich). Portanto, elas deveriam ser tosqueadas ou abatidas por causa da carne. Embora a democracia não fosse o fruto esperado do novo "Termidor", o poder e a prosperidade eram esperados. A Rússia ocidentalizada, nesta narrativa, juntar-se-ia ao concerto das potências ocidentais e manteria sua igualdade com os EUA. Seria um país rico com rápido progresso econômico. A herança imperial era vista como um entrave que impedia a Rússia de alcançar tudo isso na nova era 'termidoriana'.

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