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Aleksandr Dugin - A Batalha pelo Cosmos na Filosofia Eurasianista

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por Aleksandr Dugin

(2020)



O Status do Cosmos na Visão de Mundo Eurasianista


Os eurasianistas nunca foram materialistas. Neste ponto, eles se encontravam em oposição às principais tendências da ciência moderna. Ao mesmo tempo, porém, para eles era importante não simplesmente afirmar a prioridade dos elementos e princípios eternos - daí a principal tese eurasianista sobre a ideocracia, a ideologia governante, o governo das ideas - mas insistir que o mundo inteiro e toda a realidade, da política à economia e da religião à ciência, fossem permeados de ideias. Petr Savitsky insistiu no conceito de "desenvolvimento de espaço" ou "topogênese" (mestorazvitie). "Desenvolvimento de espaço" é a conjunção do espaço físico com a continuidade de significados históricos, semântica e eventos. O território está inextricavelmente ligado à história, e a história, por sua vez, é uma continuidade de ideias revelando uma única imagem da eternidade monumental que se desdobra através da humanidade e sobre seu caminho espiritual através do tempo. 

Isto define o entendimento eurasianista do cosmos. O cosmo eurasianista é o território generalizante do desenvolvimento de espaço do espírito. É a ordem espiritual que penetra em todos os níveis da realidade, tanto sutil como grosseira, anímica e corpórea, social e natural. O cosmos eurasianista é permeado por trajetórias sutis atravessadas por ideias ardentes, eternas e significados alados. Ler estas trajetórias, revelando-as de sua ocultação, e extrair significados complexos do plasma corpóreo de fatos e fenômenos díspares é a tarefa da humanidade. Para os eurasianistas, o cosmos é uma noção interior. Revela-se não através da expansão, mas sim, ou pelo contrário, através da imersão profunda dentro dele, através da concentração nos aspectos ocultos da realidade dada aqui e agora. A consciência cósmica se desdobra não em amplitude, mas em profundidade, dentro do sujeito humano. É estar dentro de um ou outro ponto do mundo do sujeito que faz deste ponto um "desenvolvimento local", uma "topogênese". O próprio termo grego κόσμος significa "ordem", "estrutura", "conjunto organizado e ordenado". O cosmos está em um estado de devir, desenvolvimento, tornando-se cada vez mais ele mesmo. O mundo enquanto tal, como simples factualidade do entorno, não é um cosmos. O mundo só deve se tornar um cosmos, e isto não acontece por si só. O mundo se transforma em um cosmos graças ao sujeito, o portador da mente e do espírito. Somente então, uma vez fixada a presença do pensamento, este mundo é transformado em um "desenvolvimento local". E, além disso, só depois que os dois polos, o subjetivo e o objetivo, tiverem sido estabelecidos, é que eles se movem em um par inseparável, dando forma ao campo especial inteligente do ser. 

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