por ARPLAN
(2018)
A Ocupação do Ruhr
Em 11 de janeiro de 1923, várias fileiras de tropas francesas e belgas marcharam pela Renânia desmilitarizada rumo ao Vale do Ruhr. "Estamos buscando carvão", anunciou o primeiro-ministro francês Poincaré, e isso, pelo menos na superfície, fornecia a justificativa oficial para a ocupação agressiva do Ruhr. A Alemanha havia repetidamente falhado nos pagamentos de reparações exigidos pelo Tratado de Versalhes; devia à França 200 mil metros de postes telegráficos e vários milhões de marcos de ouro em carvão; e assim 70 mil soldados estrangeiros entraram no coração industrial da Alemanha.
O povo alemão, no entanto, suspeitava que motivos mais cínicos estavam levando os engenheiros e administradores gauleses que estavam agora, sob proteção militar, a confiscar recursos alemães para exportação forçada para o Ocidente. A aversão de Poincaré pela nação alemã era infame, assim como as ambições territoriais francesas na Renânia; aos olhos de muitos alemães, o verdadeiro propósito da ação franco-belga não era “buscar carvão”, mas aleijar permanentemente e desmembrar o corpo ferido da nação alemã.
Ironicamente, a tentativa da França e da Bélgica de enfraquecer a nascente República Alemã criou uma frente unida de resistência, alimentando as chamas do nacionalismo alemão. Não há meios mais eficazes de inflamar uma onda de patriotismo do que uma invasão estrangeira, particularmente em uma nação que já sofre com as humilhantes feridas da rendição, da dívida de guerra, da instabilidade política e de uma crescente hiperinflação. A conseqüência imediata da ocupação foi o reagrupamento dos segmentos da sociedade alemã que, até o barulho das botas francesas e belgas vagando pelas estradas renanas chegarem aos seus ouvidos, estavam na garganta uns dos outros.
O Chanceler Wilhelm Cuno, da centro-direita, declarou seu apoio a uma campanha de resistência passiva local. Os industriais alemães recusaram-se a entregar as remessas exigidas de carvão. Os social-democratas organizaram greves e manifestações. Os sindicatos se uniram às associações de empregadores para levantar fundos para trabalhadores engajados em ações industriais. E os nacionalistas radicais – veteranos dos Freikorps, ativistas völkisch e Verbänden patrióticos, muitas vezes apoiados clandestinamente pelo exército – se envolveram em atos de represália violenta, retaliando contra massacres, prisões e buscas domiciliares conduzidas pelas forças de ocupação francesas com seus próprios atos de sabotagem, assassinato e terrorismo.