por Luca Valentini
(2011)
A consciência, aquela de uma dimensão inteligível, de uma Unidade primária que não pode de forma alguma ser analisada nem considerada com as referências profanas da existência humana, ou seja, utilizando os parâmetros de tempo e espaço ou de volume, sempre assumiu consigo a ideia simbólica de uma queda, de um colapso, de um desmembramento, mas com uma consequente renascença, uma heróica afirmação de poder, de vontade dominadora que reconduz o múltiplo à Unidade primordial. Tais realidades tiveram como manifestação aristocrática o mundo um tanto quanto críptico, intencionalmente e significativamente oculto, dos Mistérios Antigos, que, através de suas muitas e diversificadas formas – desde os órficos aos egípcios, passando pelos mais celebrados de Elêusis, até os solares, imperiais e estatais de Mitra – e através dos diversos autores que nos legaram suas mitologias de base e as experiências vivas, embora limitadas pelo status iniciático e reservado dos próprios mistérios, explicitaram uma origem comum transcendente, uma referência arquetípica comum, portanto, um objetivo mágico-realizador semelhante. Não é casual, a estreita correlação mitológica que se pode instituir entre diferentes ramos da misteriosofia, que tinham diferentes divindades de referência, mesmo e sobretudo pelas diferentes tradições a que pertenciam, mas com funções simbólicas semelhantes, como, por exemplo, acontecia nas iniciações egípcias e nas eleusinas: “Dioniso também foi filho de Zeus, e teve como mãe Sêmele; ele foi o mesmo que Osíris entre os egípcios, e Baco entre os romanos; e por isso o chamarei indistintamente de Dioniso, Baco e Osíris” [1].
Continue lendo…