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Arnaud Imatz - O Populismo: Ameaça ou Promessa de uma Nova Democracia?

 por Arnaud Imatz

(2020)



O interesse e o entusiasmo da opinião pública espanhola e da mídia espanhola pelo populismo têm sido tão tardios quanto surpreendentes. Durante muitos anos, os comentaristas políticos da Península viram-no apenas como um fenômeno típico dos países latino-americanos, um acidente no caminho do desenvolvimento econômico e social, um epifenômeno inimaginável na Espanha moderna.

Sobre os muitos populismos da Europa, especialmente o da França, os proclamados "especialistas" diziam que eram anomalias, pseudofascismos rançosos, doenças vergonhosas destinadas a morrer com o tempo. A democracia representativa ocidental moderna e os valores que a sustentam (mercantilismo, hedonismo, consumismo, individualismo, multiculturalismo e direitos humanos) foram quase unanimemente descritos como o horizonte imbatível do pensamento político, o fruto acabado do processo histórico de amadurecimento humano. As editoras que se arriscavam a publicar obras não conformistas sobre o populismo, escritas por autores nacionais ou estrangeiros, eram uma raridade. Interessantes ou não, esses livros estavam condenados de antemão a passar despercebidos.

Enquanto isso, o populismo foi objeto de inúmeras pesquisas e publicações, às vezes rigorosas e muitas vezes polêmicas, em todos os principais países da Europa e da América (Argentina, Alemanha, Áustria, França, Grã-Bretanha, Itália, Estados Unidos, etc.). Vítima do pensamento único, o mundo acadêmico espanhol ficou para trás, tornando realidade o velho e criticado slogan "A Espanha é diferente". Foi somente com a chegada do Podemos em 2014, nada menos que seis anos após a crise financeira de 2008, que o cenário mudou.

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