por Nicolas Gauthier e Alain de Benoist
(2018)
Com a demissão de Nicolas Hulot do governo Macron, chegamos a pensar que um ministro da ecologia estivesse definitivamente privado de valor, ao ponto de se demitir. Uma outra oportunidade perdida?
Podemos culpar Nicolas Hulot de muitas coisas, mas ele certamente não é acusável de oportunismo. Não digo o mesmo do seu sucessor, que me parece ter uma boca bem adestrada para engolir as serpentes. Hulot não queria ser um ministro, no final cedeu a pressões e se arrependeu. E foi embora. Mas partindo disse a verdade, isto é, que apesar de todas as besteiras que podem ser ouvidas acerca do “capitalismo verde” e “desenvolvimento sustentável”, a ecologia e a economia obedecem a lógicas inconciliáveis. A ecologia não é compatível com o capitalismo liberal e nem com a lógica do lucro, pois é o seu ímpeto global a causa de toda a degradação ambiental que vemos hoje. É aqui que a palavra de Bossuet deveria ser citada sobre aqueles que deploram as consequências dos que amam as causas.
Desse ponto de vista, um ministro da ecologia pode ser apenas um idiota útil para o momento em que figura. Está lá para “tornar verde” a imagem do governo para simples objetivos eleitorais. Estou seguro de que nesse cargo François de Rugy fará milagres. De fato, enquanto não colocarmos em discussão a obsessão pelo crescimento e consumo, a onipotência da mercadoria, o axioma dos juros e a loucura do produtivismo, nada fundamentalmente melhorará.
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