por Michele de Feudis
(2021)
Professor Riccardo Rosati, Yukio Mishima é considerado um "esteta armado". A que se deve esta interpretação?
Mishima, tomando emprestada a preciosa definição que Marguerite Yourcenar lhe deu em sua excelente Mishima ou a Visão da Vida (1980), é um "universo" no qual, de fato, o lado estético - explico em meu livro - desempenha um papel preponderante. A este elemento, o grande intelectual e escritor japonês acrescentou a disciplina marcial/militar, no signo da redescoberta de uma herança nodal daquela cultura tradicional japonesa à qual ele, na "segunda parte" de sua vida, se referiu com vigor e rigor; ou seja, o Bunbu Ryōdō (文武両道, o Caminho da Virtude Literária e Guerreira), onde a caneta se torna metaforicamente uma espada. Felizmente, esta teoria vem ganhando terreno na exegese de Mishima já há algum tempo, embora mais no exterior do que na Itália, para ser honesto. O que permanece crucial para entender, entretanto, é que ele conseguiu soldar estes dois mundos juntos, fazendo de sua própria existência sua principal "obra de arte"; de seu corpo um templo e de sua escrita uma forma sublime de luta política.
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