por Aleksandr Dugin
(2018)
Ao analisar a relação existente entre a experiência da Rússia Soviética e a ortodoxia marxista, correlacionando-as, Gramsci chegou a uma conclusão deveras interessante: em determinados contextos históricos, é possível ignorar a ausência das condições revolucionárias infraestruturais. Em outras palavras, se houver uma Vanguarda Política composta por militantes altivos, corajosos, fortes, inseridos dentro de uma força política (Partido), e se a mesma for suficientemente consistente, é possível agir de modo alheio às condições infraestruturais: uma vez que se tome o poder, essas condições poderão ser estabelecidas.
Em certo sentido, tal ideia foi antecipada por Lênin em seu O Estado e a Revolução (como assinalaria Trótski), isto é, a perspectiva da tomada do poder em um país agrário para nele efetivar reformas, levando-o a um padrão industrial e, simultaneamente, estimulando revoluções socialistas de pleno direito em países da Europa Ocidental. Gramsci foi capaz de traduzir essa realidade paradigmaticamente.
Para Gramsci, o leninismo é algo diferente do marxismo, uma vez que se funda na tese (não)marxista de que o eixo da Vanguarda Política pode agir antes de estabelecidas as condições de possibilidade concretas: noção que é confirmada pela experiência russa e chinesa.
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