por Sergio Fritz Roa
(2004)
Como você conheceu a obra de Julius Evola?
Li "Revolta Contra o Mundo Moderno" quando tinha dezoito anos. Fui um líder da seção italiana da Jeune Europe, uma organização de que era membro na altura, que me deu um exemplar do livro. O pragmatismo de Jean Thiriart e a sua concepção maquiavélica da política não nos satisfiziam completamente, de modo que em nós, jovens "nacional-europeus" de quarenta anos atrás, a exigência de uma visão integral do mundo e de uma verdadeira consagração da ação política permanecia viva. O trabalho de Evola representava, portanto, para mim e para outros, a porta de entrada para uma Weltanschauung espiritualmente fundamentada.
Qual é a importância de Julius Evola para o mundo ocidental?
Em primeiro lugar, é necessário limpar o terreno do mal-entendido que tal sintagma ("mundo ocidental") inevitavelmente supõe. Se é verdade que nos séculos passados existiu de fato uma "civilização ocidental", hoje a mesma denominação serve para indicar uma Zivilisation spengleriana que, além de se espalhar por uma área geográfica muito mais ampla, tendo seu próprio epicentro e paradigma nos Estados Unidos da América, se configura como uma verdadeira pseudo-religião idólatra, cujos principais dogmas são o Mercado, os Direitos Humanos e a Democracia. Desta forma, o Ocidente, este Ocidente que adquiriu dimensões quase planetárias, é a manifestação mais monstruosa do que podemos chamar, evolutivamente, de Anti-Tradição. Tanto a Europa como a América Latina podem extrair do trabalho de Evola, e do seu apelo ao valor fundamental da Tradição, os pontos de referência essenciais para o seu despertar e para uma luta coerente contra esta "civilização ocidental" antinatural e anti-humana.