por Aleksandr Dugin
(2020)
A crise que a humanidade atravessa por conta da pandemia do coronavírus já assumiu contornos tão globais que um simples retorno à situação anterior (pré-epidêmica) parece impossível.
Se, por uma série de variáveis, a propagação do vírus não puder ser radicalmente interrompida dentro dois meses a um ano e meio, o processo se tornará mesmo irreversível e, ao que tudo indica, a ordem mundial entrará em colapso. A história já viu períodos semelhantes, de catástrofes mundiais, guerras e eventos extraordinários.
Deste modo, se olhamos para o futuro a partir do ponto em que estamos agora, mesmo com toda a incerteza e indefinição, podemos ainda assim traçar alguns dos cenários mais prováveis:
(1) A globalização entrou em colapso completamente – de forma rápida e irrevogável: não é de hoje que já se podem observar sinais de uma crise, mas a epidemia simplesmente destroçou todos os principais axiomas do mundo global: fronteiras abertas; interdependência das sociedades; eficácia das instituições econômicas existentes e competência das elites no poder diante de problemáticas como a do coronavírus. A globalização caiu: ideologicamente (liberalismo), enquanto modelo econômico (redes globais) e politicamente (a liderança das elites ocidentais).
(2) Nas ruínas da globalização, será estabelecida uma nova arquitetura para um mundo pós-globalista (pós-liberal).