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Alain de Benoist – Oswald Spengler: Uma Introdução

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por Alain de Benoist

(2011)



Em 1925, André Fauconnet pôde escrever: "Depois do fim da guerra mundial, nenhuma obra filosófica na Europa Central teve um impacto comparável à de Spengler"[1]. A afirmação não é exagerada. A publicação do primeiro volume do “Declínio do Ocidente”, em abril de 1918, poucos meses antes do fim da Primeira Guerra Mundial, teve o efeito de um trovão[2]. A resposta na Alemanha, em particular, foi fenomenal, como evidenciado pelo número de livros e brochuras publicados em resposta, comentário, elogio ou crítica. Uma das razões para este sucesso, como Ernst Cassirer observou, foi sem dúvida o título do livro, que tinha sido inspirado a Spengler por um livro de Otto Seeck publicado no final do século XIX[3].

Fortemente criticado por Heinrich Rickert e Otto Neurath[4], chamado de "porco trivial" (triviale Sauhunde) por Walter Benjamin e "Karl May da filosofia" por Kurt Tucholsky, Spengler foi saudado por Georg Simmel, a quem enviou uma cópia do seu livro, como o autor da "filosofia da história mais importante desde Hegel", o que não foi um pequeno elogio[5]. O livro também causou grande impressão em Ludwig Wittgenstein, que aprovou o pessimismo de Spengler, bem como as principais linhas de seu método, no economista Werner Sombart e no historiador Eduard Meyer que, após uma discussão de cinco horas com o autor do “Declínio do Ocidente”, tornou-se seu admirador e amigo[6]. Max Weber ficou menos impressionado, mas mesmo assim convidou Spengler para falar em seu seminário de sociologia na Universidade de Munique, em dezembro de 1919. Quanto a Heidegger, que frequentemente cita Spengler, mas nunca lhe dedicou um estudo exaustivo, ele deu uma palestra em abril de 1920 em Wiesbaden sobre “O Declínio do Ocidente”[7].

A idéia central do livro, que se insere na tradição tanto da Kulturkritik alemã como na do "pessimismo cultural", é que a humanidade não tem mais objetivo pré-estabelecido, ideia orientadora, plano organizacional do que as "tem a orquídea ou a borboleta". A humanidade é "um conceito zoológico, ou então uma palavra vazia" ("Die Menschheit hat kein Ziel, keine Idee, kein Plan, so wenig wie die Gattung der Schmetterlinge oder der Orchideen en Ziel hat. ‘Die Menschheit’ ist ein zoologischer Begriff oder ein leeres Wort")[8]. É por isso que Spengler fala quase sempre de Weltgeschichte ("história mundial"), não de Universalgeschichte ("história universal"). Não há, portanto, "história da humanidade" no sentido de um processo homogêneo. Há apenas histórias separadas correspondentes às várias culturas, cujo desenvolvimento e declínio obedecem às mesmas leis. "Para ele, como escreve Lucian Blaga, a cultura é um verdadeiro organismo, dotado de uma ‘alma’ específica, radicalmente diferente da alma individual de cada um dos homens que constituem a coletividade"[9].

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