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Claudio Mutti - Fenomenologia da Contra-Iniciação

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por Claudio Mutti

(2015)



A "Contra-Iniciação" e seus Agentes

A melhor maneira de esclarecer preliminarmente o conceito guenoniano de "contra-iniciação" é apoiando-nos nos trechos mais significativos que o próprio René Guénon dedicou a este assunto:

"O termo 'contra-iniciação' - lemos no Reino da Quantidade - é verdadeiramente aquele que melhor convém para designar aquilo a que se referem, em conjunto e em diferentes níveis (...) os agentes humanos por cujo intermédio toma corpo a ação anti-tradicional (...). A 'contra-iniciação' (...) não é uma mera falsificação ilusória, mas algo de absolutamente real dentro de sua própria ordem, como demonstra perfeitamente a ação que ela exerce efetivamente; no mínimo não é uma falsificação para além do sentido em que imita necessariamente a iniciação como uma uma sombra invertida dela, apesar de que sua verdadeira intenção não é imitá-la, mas opor-se a ela. Por outro lado, uma tal pretensão é forçosamente vã, já que o domínio metafísico e espiritual, que está para além de todas as oposições, lhe está vedado; pode apenas limitar-se a ignorá-lo ou então a negá-lo, na absoluta impossibilidade de ultrapassar o "mundo intermediário", quer dizer, o âmbito psíquico, que é ademais, e em todos os sentidos o campo de influência privilegiado de Satanás, tanto na ordem humana quanto na ordem cósmica; mas não por isso desaparece a intenção ou o compromisso que implica seguir a trajetória inversa da iniciação. (...) Na medida em que ela não pode conduzir os seres até os estados ‘supra-humanos’, como a iniciação, nem limitar-se ao mero âmbito do humano, a ‘contra-iniciação’ os arrasta infalivelmente em direção ao ‘infra-humano’, sendo aqui precisamente onde se localiza o que lhe resta de poder efetivo."[1]

Em relação a este assunto, revestem-se de uma importância particular as cartas que René Guénon escreveu para Vasile Lovinescu (1905-1984) desde 9 de julho de 1934 até 28 de janeiro de 1940[2], cartas que pude recuperar em Bucareste há vinte e três anos atrás. Não obstante, ainda não foram encontradas as cartas enviadas por Lovinescu para Guénon, de modo que os fatos a que Guénon se refere não são sempre perfeitamente compreensíveis; mas, apesar disso, este epistolário guenoniano se torna muito valioso, pois em certa medida nos ilustra as modalidades operativas das forças contra-iniciáticas e nos introduz em situações históricas que parecem demonstrar as seguintes declarações do Reino da Quantidade: "Verdadeiramente notáveis são os esforços que a 'contra-iniciação' dedica à introdução de seus agentes nas organizações 'pseudo-iniciáticas' os quais tem a tarefa de 'inspirar' sem seu conhecimento os membros ordinários e, inclusive, com bastante frequência, os seus chefes aparentes, (...) as organizações 'pseudo-iniciáticas' são sem dúvida alguma as que mais atraem a atenção da 'contra-iniciação', fazendo dela objeto idôneo de seus esforços, pelo próprio fato de que a obra que essa se propõe seja sobretudo anti-tradicional."[3]

Particularmente, na mencionada correspondência com Lovinescu estão explicitamente identificados como agentes da contra-iniciação alguns personagens que desempenharam diferentes papéis na cena histórica do século XX.

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