Se tem dito que a história se divide em idades clássicas e idades médias. As idades médias são períodos de ascensão, de iniciação de um ciclo histórico cultural. Se caracteriza pela tendência à unidade. As idades clássicas discorrem na unidade, no desfrute dos bens de civilização e cultura criados nas idades médias, depois declinam na desagregação paulatina. As idades clássicas acabam por afeminação, por consumação dos povos que alcançaram o zênite em seu curso. Os povos debilitados terminam, de ordinário, derrotados por outros povos, depois do que começa uma nova idade média.
"Há duas teses" - dizia José Antonio - "a catastrófica, que vê a invasão como inevitável e dá por perdido o caduco e o bom; a que só confia em que após a catástrofe comece a germinar uma nova idade média, e a tese nossa, que aspira a estender uma ponte sobre a invasão dos bárbaros; a assumir, sem catástrofe intermediária, quando a nova idade houvesse de ter de fecundo e a salvar, da idade que vivemos, todos os valores espirituais da civilização". Eis aqui nossa tese. Tese a que não renunciamos, porque nos negamos a aceitar a outra alternativa. Porém tese de difícil triunfo. Tese que custou a José Antonio, primeiro a surda perseguição das direitas, depois a vida que lhe arrebataram, frente ao paredão do cárcere de Alicante; mais tarde a deformação sistemática de sua doutrina, obra de direitas e de esquerdas e inclusive de velhos amigos infiéis; finalmente o esquecimento, a "negação pela ação" dos que querem lhe ignorar. Tese que custou à Espanha a morte de seus melhores filhos.
Mas também tese justa, exata, que não foi derrotada, nem pode ser substituída mais que pelo triunfo do "fatalismo da história".
Bastaria desmontar o capitalismo e dar vazão ao desejo de justiça que Deus pôs na alma do homem universal, para tornar impossível o comunismo e fundar uma sociedade mais justa, mais humana, mais sólida, porém, seria isso possível pela persuasão? Quem persuadirá aos dominadores que tem suas bocas cheias de palavras boas, mas dentro de seus crânios máquinas de calcular? Quem lhes convencerá que devem renunciar à ganância para salvar os valores do espírito, que não poderiam contabilizar nunca? Que razões valerão para lhes fazer descer de bom grade de suas altas poltronas e se misturarem na terra com o comum dos homens?
Existem espíritos covardes que creem na maldade essencial de toda mudança profunda. Durante quatro séculos o mundo tem mudado, às vezes bruscamente, normalmente de forma paulatina. Desde Lutero a mudança tem ido da negação da unidade metafísica, da unidade de Deus até a negação de Deus e a programação prática e teórica, da unidade exclusiva na matéria que é a desagregação, a decadência. Agora uma mudança profunda, radical, autenticamente revolucionária, é absolutamente necessária. Mas essa mudança não pode significar um passo atrás no transitório, naquilo que por sua natureza evolui, flui transformando-se. Ao contrário no transitório urge retificar sobre a marcha, queimar as etapas perigosas e chegar a um ponto em que outras gerações possam retomar o passo sossegado. A mudança brusca, profunda, que desejamos, consiste puramente no estabelecimento dos eternos conceitos do ser e da verdade. Se restabelecemos esses conceitos, objeto da inteligência, toda criação dessa - o transitório, o variável - irá dirigida a seu conhecimento e serviço e, portanto, à perfeição, cumprindo-se o mandamento divino: "Sê perfeitos como Nosso Pai Celestial é perfeito".
A Sociedade como Entidade Perfectível
A organização da sociedade, sua estrutura administrativa, seu regime econômico, leis e suas instituições, devem dirigir-se assim, como todas as atividades humanas, rumo à perfeição, ainda que não a alcancem nunca; variando segundo o grau de civilização e de cultura, de acordo com o progresso científico e o desenvolvimento técnico que abrem novas possibilidades de avanço para a humanidade.
A mistura dos valores eternos com uma determinada organização econômico-social, tanto para a defesa como para o ataque de algumas de suas partes se produziu como uma necessidade tática das grandes forças que se opõem no mundo. Um autêntico movimento revolucionário que pretenda vencer às duas, deve rechaçar energicamente dita identificação interessada. A mistura da tese filosófica materialista mais coerente e complexa que haja existido, com o eterno ideal humano de justiça - estranho à sua essência - para seu aproveitamento como "idéia motora", deve ser igualmente denunciada como uma grosseira fraude.
A ideologia mais elevada da humanidade para seu próprio aperfeiçoamento é a que se deriva do conceito da irmandade entre os homens, se inspira em Deus e se dirige a Deus, como princípio e fim de todo o criado. A atuação do homem à luz desse conceito só pode ser para o homem uma atuação redentora. A revolução necessária deve ser, antes de tudo, uma revolução moral. Deve começar pela reconstrução do homem por sua educação religiosa e moral; mas também pela subversão das condições em que se desenvolve.
A Ação Revolucionária
Criar as condições sociais precisas para que a irmandade humana seja uma realidade com pouco esforço, será uma ação revolucionária porque pressupõe a necessária destruição das condições atuais que impulsionam à luta de uns contra outros, ao engano recíproco, à exploração dos fracos e à reação egoísta de todos. Substituir umas condições que fazem com que o sentimento de irmandade seja uma rara virtude, e em muitas ocasiões, heroísmo, por outras nas quais este sentimento flua esporadicamente na maioria, será cristianizar a sociedade, convertê-la, e será também diminuir as tentações, ajudar à salvação do homem.
Porque não é certo que ao homem o fazem "as relações da produção", nem mesmo o ambiente circundante; mas sim o é que este influencia no desenvolvimento das possibilidades que cada homem traz ao nascer. Que é mais fácil a prática da virtude com certo bem-estar material e mais difícil se este bem-estar se converte na abundância ou na escassez extrema de meios materiais. E também o é que resulta mais fácil pecar contra a caridade quando o pecado é celebrado como mostra de engenho e seu resultado é a obtenção de benefícios, que quando pressupõe o cometimento de um delito e sua consequência é a sanção da sociedade.
Um movimento revolucionário purificador, capaz de superar os antagonismos atuais - e não estamos enunciando o programa de um partido político, nem pontos de vista originais, senão intuições populares que estão no ambiente e compartimos - deve romper as fatalidades que pesam sobre os povos, desenvolvendo certo número de princípios e decisões válidas para qualquer país civilizado com as naturais modificações e diferenças acidentais que aconselhem as circunstâncias nacionais.
A Dignidade e a Liberdade
A dignidade e a liberdade do homem dotado de uma alma imortal, ser racional, capaz de compreender as coisas, de ter consciência de si mesmo e de atuar livremente, por cima de um cego determinado físico ou econômico e dos impulsos instintivos; sujeito, moralmente, pela Lei do Criador, que deve aceitar livremente - porque Deus quer a submissão voluntária e a premia, já na terra com a plenitude humana - e pelas exigências racionais que apresenta o exercícios da liberdade dos demais. Em nenhum caso deve ser considerado lícito que a sociedade civil - o Estado - atente à dignidade da pessoa, e, só para garantir a liberdade de cada um e a permanência da supremacia do Bem Comum, lhe será lícita a regulação das deliberações públicas.
A Pátria
A definição da Pátria como missão, como tarefa de uma sociedade, que a caracteriza e distingue de outras no curso da história, como unidade de destino no universal. A Nação é o suporte físico da Pátria, seus povoadores compõem a Comunidade Nacional, unidade jurídica, cultural e laboral que exige a estreita solidariedade dos que a integram na saúde e na enfermidade, na prosperidade e na desgraça. O elemento fundamental da Comunidade Nacional é a família, baseada no matrimônio indissolúvel. O corpo político da Comunidade Nacional é o Estado, cujos poderes derivam da Comunidade. O serviço da Comunidade é uma honra, e em nenhum caso pode constituir um negócio para particulares, senão fonte exclusiva de benefícios para a Comunidade. Os serviços públicos e os seguros deverão ser propriedade da Comunidade Nacional e deverão ser administrados pelo Estado.
O Trabalho
A programação do trabalho como instrumento de perfeição individual, e como meio de acréscimo da dignidade da pessoa; porém socialmente como fonte de todos os bens não gratuitos. Se o trabalho é uma obrigação individual por mandato Divino, anterior ao pecado é também uma rigorosa obrigação social deduzida do conceito da irmandade dos homens e da solidariedade que une aos membros da Comunidade Nacional, posto que sua realização prática, organizada e eficiente, condicionará o grau de prosperidade da sociedade. A inibição do esforço coletivo - a ociosidade - e o aproveitamento do trabalho alheio - a exploração do trabalho - devem ser considerados como atentados contra a Comunidade. A primazia do trabalho - expressão direta da pessoa humana - deve assegurar-se mediante a subordinação do dinheiro - que é só um signo convencional que permite o intercâmbio de bens e serviços - e do Capital - que não é mais que a acumulação de dinheiro, meio estritamente material necessário para a produção em nosso tempo. O que só pode se conquistar mediante a nacionalização da Banca e a orientação comunitária da política do crédito.
A Propriedade
Política da extensão da propriedade a todos os membros da comunidade, difundindo e estendendo a propriedade privada dos bens de uso e consumo, fungíveis e duráveis da terra - nos cultivos suscetíveis, de exploração individual, familiar e/ou cooperativa - e dos instrumentos individuais de trabalho nos trabalhos artesãos, profissionais liberais e quaisquer outras atividades produtivas pessoais. Substituição do contrato de trabalho pelo de sociedade, que torne possível o acesso real à propriedade de instrumentos de produção coletivos, e facilite a verdadeira cogestão nas empresas pequenas. Conversão das grandes empresas industriais, comerciais e agrícolas em cooperativas de produção, propriedade dos trabalhadores. Abolição das Sociedades Anônimas e direção dos investimentos derivados da poupança à "obrigações" criadas para isso pelo Estado. Regulação das atividades econômicas por meio dos sindicatos.
O Estado
Organização popular do Estado, mediante o estabelecimento de um, a) poder político comunitário, eleito pelos trabalhadores de todas as classes, membros ativos da Comunidade, agrupados em municípios, - Câmara de representantes políticos, formada por grupos orientados, segundo diversas tendências, dentro da tese básica da Comunidade - e em Sindicatos - Câmara de representantes econômicos nas quais se coordenem e logrem as aspirações e interesses das distintas atividades - ; b) poder executivo derivado das duas Câmaras de representantes e responsáveis perante elas; c) movimento político unido, como instrumento de comunicação entre os cidadãos e representantes e como meio de colaboração cidadã com o poder executivo; d) administração geral do Estado.
A Unidade
Reconhecimento da unidade substancial do gênero humano e em consequência desenvolvimento das tendências à criação de unidades políticas regionais da maior extensão possível, como meio de alcançar a unidade entre todas as nações, e ao estabelecimento de formas de cooperação sinceras e viáveis entre as nações desenvolvidas e as atrasadas, para estender a estas últimas os bens da civilização e da cultura.
Os Motores da História
Claro é que não basta dispôr de um esquema deduzido racionalmente dos eternos princípios, para remediar a situação do mundo. Acreditamos no valor do espírito mas não desconhecemos o valor material das forças dominantes. Consequentemente deveremos preconizar a criação de uma força, intransigente, enérgica e ordenada, capaz de vencê-las.
Em qualquer momento da história, seria possível precisar que a humanidade se divide em pessoas capazes de entusiasmo e de generosidade, e, portanto, do sacrifício que exige uma empresa política renovadora e pessoas indolentes e acomodatícias, predispostas somente a se mover por interesses imediatos, que, em suma, poderiam simpatizar com a tarefa, mas não sacrificariam nada por ela. Esse estado anormal da humanidade se agravou em nosso tempo como em todos os momentos críticos de desmoralização social. Apesar disso, apesar de que o grupo humano em que reside a capacidade da sociedade para sustentar uma Idéia é menor, é suficiente todavia para realizar grandes proezas ou promover grandes catástrofes. E não é temeridade afirmar que uma parte desses homens estão nos dois bandos opostos dando-lhes sua verdadeira força, como acusadores inconscientes da falsidade materialista. Eles, e não suas teorias, são os verdadeiros motores do extravio da história. E o serão amanhã, se não são resgatados do erro ou alguém lhes corta seu caminho.
O Primeiro, a Verdade
A experiência demonstra que, quando aparece no tabuleiro da história a fase brusca ou violenta de uma revolução, essa já se produziu muito tempo antes, secreta ou publicamente, na consciência dos homens. Mas desgraçadamente não prova que a revolução - ainda eliminando os erros e injustiças que mancham toda atuação humana - constitua autêntico progresso ou uma aproximação à verdade. Em nosso tempo, e em todos os países, há já muitos homens que dentro de si viram se desvelar as trevas e creem chegada a hora, outra vez, de que o espírito se faça carne perante a atormentada humanidade de hoje, trazendo-lhe o sossego e a esperança.
Mas para que isso ocorra, será preciso merecê-lo. E a primeira coisa a fazer é gritar nossa verdade - que é a Verdade. Repeti-la mil vezes cada dia. Em todo lugar e por todos os meios. Propagá-la aos quatro pontos cardinais. Prender nosso fervor nas almas capazes de fervor. Atrair a ajuda militante das personalidades vigorosas. E trazer também as simpatias dos que não sabem dar mais. Convencer a todos da rigorosa exatidão de nosso empenho. Então - Deus nos conceda o tempo! - uma força nova surgirá. A força do espírito unida de novo à matéria dominada. E a vitória será segura no combate.
A organização da sociedade, sua estrutura administrativa, seu regime econômico, leis e suas instituições, devem dirigir-se assim, como todas as atividades humanas, rumo à perfeição, ainda que não a alcancem nunca; variando segundo o grau de civilização e de cultura, de acordo com o progresso científico e o desenvolvimento técnico que abrem novas possibilidades de avanço para a humanidade.
A mistura dos valores eternos com uma determinada organização econômico-social, tanto para a defesa como para o ataque de algumas de suas partes se produziu como uma necessidade tática das grandes forças que se opõem no mundo. Um autêntico movimento revolucionário que pretenda vencer às duas, deve rechaçar energicamente dita identificação interessada. A mistura da tese filosófica materialista mais coerente e complexa que haja existido, com o eterno ideal humano de justiça - estranho à sua essência - para seu aproveitamento como "idéia motora", deve ser igualmente denunciada como uma grosseira fraude.
A ideologia mais elevada da humanidade para seu próprio aperfeiçoamento é a que se deriva do conceito da irmandade entre os homens, se inspira em Deus e se dirige a Deus, como princípio e fim de todo o criado. A atuação do homem à luz desse conceito só pode ser para o homem uma atuação redentora. A revolução necessária deve ser, antes de tudo, uma revolução moral. Deve começar pela reconstrução do homem por sua educação religiosa e moral; mas também pela subversão das condições em que se desenvolve.
A Ação Revolucionária
Criar as condições sociais precisas para que a irmandade humana seja uma realidade com pouco esforço, será uma ação revolucionária porque pressupõe a necessária destruição das condições atuais que impulsionam à luta de uns contra outros, ao engano recíproco, à exploração dos fracos e à reação egoísta de todos. Substituir umas condições que fazem com que o sentimento de irmandade seja uma rara virtude, e em muitas ocasiões, heroísmo, por outras nas quais este sentimento flua esporadicamente na maioria, será cristianizar a sociedade, convertê-la, e será também diminuir as tentações, ajudar à salvação do homem.
Porque não é certo que ao homem o fazem "as relações da produção", nem mesmo o ambiente circundante; mas sim o é que este influencia no desenvolvimento das possibilidades que cada homem traz ao nascer. Que é mais fácil a prática da virtude com certo bem-estar material e mais difícil se este bem-estar se converte na abundância ou na escassez extrema de meios materiais. E também o é que resulta mais fácil pecar contra a caridade quando o pecado é celebrado como mostra de engenho e seu resultado é a obtenção de benefícios, que quando pressupõe o cometimento de um delito e sua consequência é a sanção da sociedade.
Um movimento revolucionário purificador, capaz de superar os antagonismos atuais - e não estamos enunciando o programa de um partido político, nem pontos de vista originais, senão intuições populares que estão no ambiente e compartimos - deve romper as fatalidades que pesam sobre os povos, desenvolvendo certo número de princípios e decisões válidas para qualquer país civilizado com as naturais modificações e diferenças acidentais que aconselhem as circunstâncias nacionais.
A Dignidade e a Liberdade
A dignidade e a liberdade do homem dotado de uma alma imortal, ser racional, capaz de compreender as coisas, de ter consciência de si mesmo e de atuar livremente, por cima de um cego determinado físico ou econômico e dos impulsos instintivos; sujeito, moralmente, pela Lei do Criador, que deve aceitar livremente - porque Deus quer a submissão voluntária e a premia, já na terra com a plenitude humana - e pelas exigências racionais que apresenta o exercícios da liberdade dos demais. Em nenhum caso deve ser considerado lícito que a sociedade civil - o Estado - atente à dignidade da pessoa, e, só para garantir a liberdade de cada um e a permanência da supremacia do Bem Comum, lhe será lícita a regulação das deliberações públicas.
A Pátria
A definição da Pátria como missão, como tarefa de uma sociedade, que a caracteriza e distingue de outras no curso da história, como unidade de destino no universal. A Nação é o suporte físico da Pátria, seus povoadores compõem a Comunidade Nacional, unidade jurídica, cultural e laboral que exige a estreita solidariedade dos que a integram na saúde e na enfermidade, na prosperidade e na desgraça. O elemento fundamental da Comunidade Nacional é a família, baseada no matrimônio indissolúvel. O corpo político da Comunidade Nacional é o Estado, cujos poderes derivam da Comunidade. O serviço da Comunidade é uma honra, e em nenhum caso pode constituir um negócio para particulares, senão fonte exclusiva de benefícios para a Comunidade. Os serviços públicos e os seguros deverão ser propriedade da Comunidade Nacional e deverão ser administrados pelo Estado.
O Trabalho
A programação do trabalho como instrumento de perfeição individual, e como meio de acréscimo da dignidade da pessoa; porém socialmente como fonte de todos os bens não gratuitos. Se o trabalho é uma obrigação individual por mandato Divino, anterior ao pecado é também uma rigorosa obrigação social deduzida do conceito da irmandade dos homens e da solidariedade que une aos membros da Comunidade Nacional, posto que sua realização prática, organizada e eficiente, condicionará o grau de prosperidade da sociedade. A inibição do esforço coletivo - a ociosidade - e o aproveitamento do trabalho alheio - a exploração do trabalho - devem ser considerados como atentados contra a Comunidade. A primazia do trabalho - expressão direta da pessoa humana - deve assegurar-se mediante a subordinação do dinheiro - que é só um signo convencional que permite o intercâmbio de bens e serviços - e do Capital - que não é mais que a acumulação de dinheiro, meio estritamente material necessário para a produção em nosso tempo. O que só pode se conquistar mediante a nacionalização da Banca e a orientação comunitária da política do crédito.
A Propriedade
Política da extensão da propriedade a todos os membros da comunidade, difundindo e estendendo a propriedade privada dos bens de uso e consumo, fungíveis e duráveis da terra - nos cultivos suscetíveis, de exploração individual, familiar e/ou cooperativa - e dos instrumentos individuais de trabalho nos trabalhos artesãos, profissionais liberais e quaisquer outras atividades produtivas pessoais. Substituição do contrato de trabalho pelo de sociedade, que torne possível o acesso real à propriedade de instrumentos de produção coletivos, e facilite a verdadeira cogestão nas empresas pequenas. Conversão das grandes empresas industriais, comerciais e agrícolas em cooperativas de produção, propriedade dos trabalhadores. Abolição das Sociedades Anônimas e direção dos investimentos derivados da poupança à "obrigações" criadas para isso pelo Estado. Regulação das atividades econômicas por meio dos sindicatos.
O Estado
Organização popular do Estado, mediante o estabelecimento de um, a) poder político comunitário, eleito pelos trabalhadores de todas as classes, membros ativos da Comunidade, agrupados em municípios, - Câmara de representantes políticos, formada por grupos orientados, segundo diversas tendências, dentro da tese básica da Comunidade - e em Sindicatos - Câmara de representantes econômicos nas quais se coordenem e logrem as aspirações e interesses das distintas atividades - ; b) poder executivo derivado das duas Câmaras de representantes e responsáveis perante elas; c) movimento político unido, como instrumento de comunicação entre os cidadãos e representantes e como meio de colaboração cidadã com o poder executivo; d) administração geral do Estado.
A Unidade
Reconhecimento da unidade substancial do gênero humano e em consequência desenvolvimento das tendências à criação de unidades políticas regionais da maior extensão possível, como meio de alcançar a unidade entre todas as nações, e ao estabelecimento de formas de cooperação sinceras e viáveis entre as nações desenvolvidas e as atrasadas, para estender a estas últimas os bens da civilização e da cultura.
Os Motores da História
Claro é que não basta dispôr de um esquema deduzido racionalmente dos eternos princípios, para remediar a situação do mundo. Acreditamos no valor do espírito mas não desconhecemos o valor material das forças dominantes. Consequentemente deveremos preconizar a criação de uma força, intransigente, enérgica e ordenada, capaz de vencê-las.
Em qualquer momento da história, seria possível precisar que a humanidade se divide em pessoas capazes de entusiasmo e de generosidade, e, portanto, do sacrifício que exige uma empresa política renovadora e pessoas indolentes e acomodatícias, predispostas somente a se mover por interesses imediatos, que, em suma, poderiam simpatizar com a tarefa, mas não sacrificariam nada por ela. Esse estado anormal da humanidade se agravou em nosso tempo como em todos os momentos críticos de desmoralização social. Apesar disso, apesar de que o grupo humano em que reside a capacidade da sociedade para sustentar uma Idéia é menor, é suficiente todavia para realizar grandes proezas ou promover grandes catástrofes. E não é temeridade afirmar que uma parte desses homens estão nos dois bandos opostos dando-lhes sua verdadeira força, como acusadores inconscientes da falsidade materialista. Eles, e não suas teorias, são os verdadeiros motores do extravio da história. E o serão amanhã, se não são resgatados do erro ou alguém lhes corta seu caminho.
O Primeiro, a Verdade
A experiência demonstra que, quando aparece no tabuleiro da história a fase brusca ou violenta de uma revolução, essa já se produziu muito tempo antes, secreta ou publicamente, na consciência dos homens. Mas desgraçadamente não prova que a revolução - ainda eliminando os erros e injustiças que mancham toda atuação humana - constitua autêntico progresso ou uma aproximação à verdade. Em nosso tempo, e em todos os países, há já muitos homens que dentro de si viram se desvelar as trevas e creem chegada a hora, outra vez, de que o espírito se faça carne perante a atormentada humanidade de hoje, trazendo-lhe o sossego e a esperança.
Mas para que isso ocorra, será preciso merecê-lo. E a primeira coisa a fazer é gritar nossa verdade - que é a Verdade. Repeti-la mil vezes cada dia. Em todo lugar e por todos os meios. Propagá-la aos quatro pontos cardinais. Prender nosso fervor nas almas capazes de fervor. Atrair a ajuda militante das personalidades vigorosas. E trazer também as simpatias dos que não sabem dar mais. Convencer a todos da rigorosa exatidão de nosso empenho. Então - Deus nos conceda o tempo! - uma força nova surgirá. A força do espírito unida de novo à matéria dominada. E a vitória será segura no combate.